terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Celebrando a colheita



Mais uma vez celebrei um festival de Lughasadh, observando os testes daqueles que oriento e também daqueles que agora auxilio na orientação, sorrindo ao vê-los superar suas dificuldades e se preparar para vencer as ilusões do caminho, torcendo por eles e esperando pelo seu sucesso.

Aprendi a ver o mundo com mais serenidade nestes anos de caminhada e por isso colhi alegrias nesta festa em que honramos a Lugos, o que os deuses proporcionaram a cada Peregrino ficou como lição para mim também, relembrei dos meus bons e inclusive daqueles que eu não julgava assim tão bons, momentos de antigamente quando trilehi por lugares onde hoje os novatos estão caminhando.

Dificuldades foram superadas, testes foram vencidos, reunidos na cozinha recebemos a visita dos nossos primos da floresta que passaram perto de onde estávamos, logo depois o pessoal que foi de van chegou e finalmente pudemos começar o festival de verdade, me senti honrado em estar ao lado de cada um e compartilhar de suas conquistas.

As festividades foram maravilhosas, o pessoal do almoço caprichou nos pratos típicos, a turma do café da tarde também e apesar dos contratempos conseguimos preparar um ótimo café da manhã e almoço no dia seguinte, mas isso foi depois da celebração da floresta, foi depois de cada um ter recebido uma oportunidade para enfrentar seus demonios interiores, para observar seu ego, contemplar seu caminho e olhar onde está pondo os pés na sua peregrinação individual, fiquei imaginando como eles se sentiriam no futuro quando olhassem para trás e relembrassem como agora relembro, os momentos que passaram na presença dos seres da floresta, as oportunidades que aproveitaram e até mesmo as que desperdiçaram, as lições que poderiam ter aprendido que por conta de seu ego, deixaram, aquelas coisas que parecem assustadoras mas que não passam de pequenas manchas em nossa própria visão assumindo formas monstruosas em nossa imaginação e testando a força que trazemos em nosso íntimo.

No domingo o retorno foi tranquilo ao lado da irmã Raven e ao lado do irmão Corujão, velho companheiro de caminhada, pude praparar o almoço com pratos típicos honrando nossa tradição e a terra saudosa de nossos ancestrais, depois despedir-se de cada companheiro de caminhada e ver o brilho de satisfação, felicidade, e expectativa pelo próximo encontro dentro dos olhos de cada um deles, para eles era tempo de reflexão e retorno a rotina diária já transformados pelos aprendizados do festival.

Mas para mim era apenas um interlúdio, mais cinco dias de nova preparação com alegria interior e vibração de festa porque no final de semana seguinte iria novamente celebrar, desta vez no Rio de Janeiro e quando chegou o final de semana assim foi, seguimos de carro de São Paulo até lá onde no aeroporto do Galeão encontramos a nossa querida Raven e juntos seguimos até encontrar a folclórica estrada onde fica o sítio do encontro ritual e nosso lugar de celebração.

Limpezas, organizações, preparações e descanso até o dia seguinte, o irmão M. foi o primeiro a chegar animado que só ele depois da caminhada que fizera, algum tempo mais e chegou a van com os demais irmãos, cada um com um brilho diferente no olhar, alguns tranquilos, outros com mais expectativa e curiosidade, mas todos irmanados no mesmo desejo de aprender honrando aos Seres da Floresta aos Ancestrais e a Divindade a qual prestavamos culto, Lugos.

Logo fizemos palestras e exercícios com os novatos, quando os portais se abriram para a celebração o ritual foi tranquilo e fiquei muito feliz em ver cada um superar seus medos com muita lucidez, consciencia e força, enfrentando seus desafios e aproveitando a oportunidade de aprender a Sabedoria que o coração da natureza ensina.

Infelizmente no domingo pela manhã tive de me ausentar, mas os irmãos do RJ continuavam as instruções ao irmão do fogo do RJ eu já havia passado e a saudade já se instaurara em meu peito quando retornei e deixei os amigos do RJ na expectativa de nos vermos novamente em breve. Faço votos de que tenham sucesso, que alcancem a sabedoria que procuram, que aprendam as lições que a vida ensina e que quando a roda completar seu giro, possa olhar para cada um e dar o abraço de amigo, daquele que já conhece, que já confia a ponto de conceder responsabilidades e que num futuro um pouco mais a frente, possa finalmente os abraçar novamente como irmãos que superaram as agruras do caminho e tiveram força e lucidez suficiente pra se tornarem Bruxos e Bruxas, Sábios e Sábias, mais fraternos, mais irmãos ainda, tanto de coração quanto de alma.


Um abraço fraterno e que todos tenham a prosperidade que Lugos traz, todas as conquistas que esse caminho concede, todas as vitorias que essa estrada proporciona!
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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Entre o Eu e o Ego


Inimigo de nós mesmos... 

Por Lontra Voadora
Eu gostaria de me sentir sempre feliz! E quem não gostaria? Gostaria de sentir dentro de mim aquele sentimento de plenitude que experimento quando me sinto imensamente grata por aquilo que estou recebendo. Quando recebo amor, carinho, conforto, quando tenho paz em meu coração! É assim que gostaria de me sentir, sempre. No entanto, a vida é cheia de paradoxos, e nós sabemos que não podemos estar sempre cem por cento felizes, pois no dia-a-dia muitas vezes choramos de tristeza, sentimos dor pela falta de amor, pela falta de alimento e de conforto.

Nossa existência nos leva a experimentar a tristeza para que possamos reconhecer a felicidade. Sim, creio que precisamos do preto para reconhecer o branco, precisamos da fome para reconhecer a saciedade, precisamos da carência afetiva para reconhecer a felicidade de amar. Mas somos gratos por aquilo que recebemos? Bem, essa é outra historia! Normalmente nos esquecemos de agradecer por aquilo de bom que recebemos, mas nos queixamos, sim, nos queixamos muito por aquilo que não temos. De manhã, quando abrimos os olhos, nos lembramos de agradecer pela vida? Normalmente o Eu interior agradece, mas o Ego não. Sabem o por quê? O Ego é o outro eu, ou seja, é um eu imaginário, criado à imagem e semelhança dos outros!

O Ego se espelha nos outros, pois é criado em nós pelo ambiente, pela sociedade em que vivemos, pela mãe e pelos parentes que nos rodearam quando crianças. É através dessas pessoas que construímos o Ego. São eles, aqueles que nos rodeiam, que permeiam nossa mente de modelos para nos servirem de espelho. O Ego nos é útil, faz parte de nossa personalidade e não podemos prescindir dele, pois vivemos numa sociedade e precisamos estar inseridos nela, nos espelhando e nos adequando a ela. Por exemplo, vamos trabalhar de manhã e nos vestimos de acordo com as regras desta sociedade. Se vivemos no Brasil ou noutro país ocidental, estaremos vestindo um terno (os homens) uma roupa discreta e elegante (as mulheres) e nos sentiremos assim inseridos no contexto. Se vivemos num país oriental, estaremos nos vestindo de outra forma, nos comportando de outra forma, de acordo com outras regras, não é mesmo? Não são somente as regras de vestir, mas todo nosso comportamento é moldado e resulta no nosso Ego. Assim, pouco a pouco, ao crescermos, construímos em nós uma identidade, como se fosse um outro Eu. E acabamos acreditando ser esse nosso verdadeiro Eu! Mas o Eu interior, aquele que é alimentado pela centelha divina dentro de nós, este é diferente, único, não precisa de espelho, não precisa de regras. O Eu está sempre feliz!

Por essa razão, podemos fazer essa constatação: o Eu não sofre, quem sofre é o Ego. Vamos fazer um exercício: quando experimentarmos algo ruim, uma dor, por exemplo, vamos nos perguntar: é o Eu que está sofrendo ou é o ego? Creio que o Eu sofre ao ver outro ser humano sofrer e então sente aquela dor como sua e corre para aliviar o sofrimento alheio. A isso chamamos de solidariedade. O Ego, por sua vez, sofre porque vê outro ser humano ‘ter’ algo que ele não tem. O Ego sofre mais que o Eu e se aprendermos a reconhecer essa dor, esse sofrimento, se aprendermos a fazer essa diferença então viveremos mais serenos.
Muitas pessoas vivem sua vida somente movidas pelo Ego, podem desenvolver de maneira rudimentar o Eu somente para se tornar ‘chefes de manada’, melhores dentro de sua espécie, mas dificilmente desenvolvem a Consciência do Eu Interior.Quem busca o Conhecimento está desenvolvendo o Eu Interior, portanto está em busca da Identidade amadurecida. Assim, quando queremos ‘parar de sofrer’ devemos fazer a diferença entre o sofrimento do Ego e o sofrimento do Eu. Reconhecer essa diferença nos fará viver melhor, creiam-me! O Ego é um presente, pois pode tomar todo o sofrimento para si e deixar que nosso espírito use essa experiência para o crescimento! Saber reconhecer a diferença de qual das identidades está a sofrer nos possibilita viver em Paz, aceitar o sofrimento como experiência necessária para o crescimento, nos torna mais serenos, alivia imediatamente a dor. No momento em que reconhecermos essa diferença a Luz interior estará nos ajudando e aliviará nosso sofrimento. 

Agradecimentos LONTRA VOADORA
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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Paganismo


 Por Carol

Diversas definições caracterizam o paganismo, sendo a maioria delas muito parecidas e coesas entre si. Mas se tivesse que dar uma definição rápida de acordo com a idéia que eu tenho de paganismo, sem muitos rodeios, diria que é um conjunto de crenças e tradições religiosas pré-cristãs que têm sua origem no campo, na natureza, crenças estas de caráter politeísta, que cultuam a natureza e suas forças como um organismo vivo e
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Poder Pessoal e Liderança


Por Sí-Raven  

Quando falamos sobre poder imediatamente nos vem à cabeça o poder contextual - aquele poder relacionado ao papel social do indivíduo. Sentimos o impacto desse poder quando estamos à mercê de um regime opressor, pais controladores, ensino ditatorial, entre outros. No sentido geral o poder está vinculado à capacidade de manipular ou influenciar o outro; embora esta ação está diretamente relacionada à submissão do oprimido. Por exemplo, o poder financeiro e afetivo.
 
Porém o verdadeiro poder independe de manipulação, dinheiro que é o poder pessoal. Individual e intransferível, inerente de cada ser. Dele compõe a força interior, seus talentos, autoconhecimento, autodomínio, auto-estima, assumir responsabilidades nas escolhas 
autenticidade, respeito, tenha objetivos e metas, capacidade de mudar, equilíbrio emocional e sua autonomia, sua habilidade ao conduzir sua vida.

Muitas vezes nos perdemos na nossa incapacidade de assumir as rédeas de nossa própria vida.

Nos perguntamos muitas vezes. Como pessoas frágeis persistem e atingem seus objetivos com muitas dificuldades e outras com tudo as mãos chegam a nada... É preciso exercitar seus talentos, vencer limites, superação... Nesse quesito também compõe o autoconhecimento e autodomínio, pois sem conhecermos a nós mesmos e sem termos controle de nossas próprias emoções jamais desenvolveremos nosso poder pessoal. Também faz parte reconhecer e aceitar nossas fraquezas e imperfeições. Nos responsabilizar pelas nossas escolhas e não passar a responsabilidade como falha do outro. É vivenciar suas escolhas sem esperar aprovação de terceiros nem se incomodar com as reprovações ou críticas. Enfim, vivenciar a própria vida independente de opinião alheia. Jamais se colocar como vítima. Aconteceu assim e pronto! É o assumir as próprias responsabilidades sem jogar para cima dos outros. Ser respeitoso consigo mesmo e autêntico. O amor e o respeitoso são conquistados ao partir de nós mesmos, com nosso amor próprio e zelo.

Abolir a palavra “medo”; medo da carência afetiva, medo da falta do dinheiro, medo do fracasso como da violência.

Quando traçamos objetivos e metas também traçamos caminhos para alcançá-los mesmo que isso envolva muitas vezes mudanças no nosso modo de pensar e agir, pois quase sempre a mudança ao nosso redor acontece a partir das nossas mudanças internas.

Quando nos trabalhamos internamente é manifestado no exterior o resultado desse aprimoramento.

“Um homem poderoso é aquele que consegue aplicar atos de poder com maestria”.

Somos poderosos quando conseguimos vencer nossos limites, conviver com nossas imperfeições, assumir nossos erros, continuar nos amando mesmo com alguns fracassos, nos respeitando, buscando sempre o conhecimento e a autenticidade. Assim, desenvolvemos nossa força interior e atingimos nossas metas fazendo com que nosso poder pessoal se manifeste.


Liderança

Anos atrás numa dinâmica sobre liderança fomos convidados para uma brincadeira onde em dado momento deveríamos nos comportar como líderes. TODOS, inclusive eu assumimos posição de mando e chefia. 

Liderança pode ser exercida numa função de mando e chefia, porém o significado é muito mais abrangente e desvinculado de autoritarismo.

Podemos dizer que liderança é a arte de motivar os outros para que aspirem ações compartilhadas com objetivos comuns.

Um líder precisa desenvolver características como autocontrole, sociabilidade, flexibilidade, estabilidade emocional, conhecimentos sobre os objetivos almejados e os participantes do grupo. 

É preciso sempre obter apoio e não ordenar, sugerir e não intimidar, resistir às frustrações e sempre buscar a realização.

Para que a liderança seja bem sucedida é preciso entusiasmo, auto estima e idéias entre os liderados.

É como um Mestre que deve se comportar “com humildade, dedicação e entender que é apenas um guia” orientando e muitas vezes também tendo que chamar à realidade aqueles que se iludem pelo caminho, porém buscando sempre equilíbrio e compreensão.

O líder deve se doar, ser amigo, ter responsabilidade, tolerância, cuidar (mesmo que isso implique em chamar à razão e ser mal compreendido), em razão disso ter bem desenvolvido dentro de si seu poder pessoal.

Identificar e valorizar cada elemento independente da conta bancária ou de um rosto bonito. 


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domingo, 5 de fevereiro de 2012

OS HOMENS AMAM A GUERRA

(Autoria de Affonso Romano de Sant'Anna) 
Os homens amam a guerra. Por isso
se armam festivos em coro e cores
para o dúbio esporte da morte.
Amam e não disfarçam.
Alardeiam esse amor nas praças,
criam manuais e escolas,
alçando bandeiras e recolhendo caixões,
entoando slogans e sepultando canções.

Os homens amam a guerra. Mas não a amam
só com a coragem do atleta
e a empáfia militar, mas com a piedosa
voz do sacerdote, que antes do combate
serve a hóstia da morte.
Foi assim na Criméia e Tróia,
na Eritréia e Angola,
na Mongólia e Argélia,
no Saara e agora.

Os homens amam a guerra
E mal suportam a paz.
Os homens amam a guerra,
portanto,
não há perigo de paz.
Os homens amam a guerra, profana
ou santa, tanto faz.
Os homens têm a guerra como amante,
embora esposem a paz.

E que arroubos, oh Deuses! nesse encontro voraz!
que prazeres! que uivos! que ais!
que sublimes perversões urdidas
na mortalha dos lençóis, lambuzando
a cama ou campo de batalha.
Durante séculos pensei
que a guerra fosse o desvio
e a paz a rota. Enganei-me. São paralelas
margens de um mesmo rio, a mão e a luva,
o pé e a bota. Mais que gêmeas
são xifópagas, par e ímpar, sorte e azar
são o ouroboro- cobra circular
eternamente a nos devorar.
A guerra não é um entreato.
É parte do espetáculo.
E não é tragédia apenas
é comédia, real ou popular,
é algo melhor que circo:
-é onde o alegre trapezista
vestido de kamikase
salta sem rede e suporte,
quebram-se todos os pratos
e o contorcionista se parte
no kamasutra da morte.

A guerra não é o avesso da paz.
É seu berço e seio complementar.
E o horror não é o inverso do belo
-é seu par. Os homens amam o belo
mas gostam do horror na arte. O horror
não é escuro, é a contraparte da luz.
Lúcifer é Lubel, brilha como Gabriel
e o terror seduz.
Nada mais sedutor
que Cristo morto na cruz.

Portanto, a guerra não é só missa
que oficia o padre, ciência
que alucina o sábio, esporte
que fascina o forte. A guerra é arte.
E com o ardor dos vanguardistas
frequentamos a bienal do horror
e inauguramos a Bauhaus da morte.
Por isso, em cima da carniça não há urubu,
chacais, abutres, hienas.
Há lindas garças de alumínio, serenas,
num eletrônico balé.
Talvez fosse a dança da morte, patética.
Não é . É apenas outra lição de estética.
Daí que os soldados modernos
são como médico e engenheiro
e nenhum ministro da guerra
usa roupa de açougueiro.
Guerra é guerra!
dizia o invasor violento
violentando a freira no convento
Guerra é guerra!
dizia a estátua do almirante
com a boca de cimento.
Guerra é guerra!
dizemos no radar
degustando o inimigo
ao norte do paladar.

Não é preciso disfarçar
o amor à guerra, com história de amor à pátria
e defesa do lar. Amamos a guerra
e a paz, em bigamia exemplar.
Eu, poeta moderno ou o eterno Baudelaire
eu e você, hypocrite lecteur,
mon semblable, mon frère.
Queremos a batalha, aviões em chamas
navios afundando, o espetacular confronto.
De manhã abrimos vísceras de peixes
com a ponta das baionetas
e ao som da culinária trombeta
enfiamos adagas em nossos porcos
e requintamos de medalha
-os mortos sobre a mesa.
Se possível, a carne limpa, sem sangue.
Que o míssil silente lançado à distância
não respingue em nossa roupa.
Mas se for preciso um banho de sangue
-como dizia Terêncio:-sou humano
e nada do que é humano me é estranho.
A morte e a guerra
não mais me pegam ao acaso.
Inscrevo sua dupla efígie na pedra
como se o dado de minha sorte
já não rolasse ao azar,
como se passasse do branco
ao preto e ao branco retornasse
sem nunca me sombrear.
Que venha a guerra! Cruel. Total.
O atômico clarim e a gênese do fim.
Cauto, como convém aos sábios,
primeiro bradarei contra esse fato.





 

Mas, voraz como convém à espécie,
ao ver que invadem meus quintais,
das folhas da bananeira inventarei
a ideológica bandeira e explodirei
o corpo do inimigo antes que ataque.
E se ele não atirar primeiro, aproveito
seu descuido de homem fraco, invado sua casa
realizando minha fome milenar de canibal
rugindo sob a máscara de homem.

-Terrível é o teu discurso, poeta!
Escuto alguém falar.
Terrível o foi elaborar.
Agora me sinto livre.
A morte e a guerra
já não podem me alarmar.
Como Édipo perplexo
decifrei-a em minhas vísceras
antes que a dúbia esfinge
pudesse me devorar.
Nem cínico nem triste. Animal
humano, vou em marcha, danças, preces
para o grande carnaval.
Soldado, penitente, poeta
-a paz e a guerra, a vida e a morte
me aguardam
- num atômico funeral.

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