terça-feira, 20 de novembro de 2012

Palavras de um Xamã

Cordiais agradecimentos a minha amiga Sí-Raven do blog "Mensagens do Corvo"

“Na minha tradição, a gente costuma dizer que a tristeza é a perda do poder pessoal. Esse poder é interno, é o poder do ser, da alma. Infelizmente, o homem passou a acreditar que tudo que ele precisa só pode ser encontrado no outro ou no mundo externo. 

É como se a afirmação da vida dependesse única e exclusivamente da atenção do outro, de uma situação política, histórica ou de um bom posicionamento social e profissional. Ele está totalmente voltado para fora, buscando de uma forma insana a sua felicidade. É preciso inverter esse movimento, retornando à imensa força que está esquecida dentro de nós.

A causa verdadeira das grandes tristezas está na alma, no ser interno. E onde que esse ser interno encontra vida, beleza e força? Ele basicamente necessita perceber que ele próprio é muito maior que o seu momento, ele é parte de um grande complexo chamado vida e esse grande complexo se nutre de coisas essenciais e simples como uma respiração saudável, um nascer e um pôr-do-sol, uma noite enluarada, estrelada, essa imensidão que se encontra dentro de nós. E esse alimento leva para o homem ingredientes que vão determinar uma maior ou menor qualidade dos seus pensamentos, emoções e ações. Temos que ser responsáveis por tudo isso.  

A meta de todo ser humano deveria ser a conquista de um pensamento lúcido, emoções equilibradas e uma ação justa: esse é um homem feliz. Esse é o princípio da espiritualidade, o seu eixo. E com esse eixo você combate a tristeza e as dificuldades com tranqüilidade e vai superá-las, transformando a si próprio. Na verdade, o poder de cura está dentro de cada um. Nós somos, ao mesmo tempo, o veneno e o antídoto. Nós, pajés, não somos a cura. Somos um veículo capacitado para restituir ao doente a sua própria força de cura.

A grande doença da atualidade é a doença da alma. O ser humano esqueceu da sua alma, está adormecido e conseqüentemente se fechou para as forças da natureza, porque alma e natureza caminham estritamente juntas, são mãe e filha. Todo o desequilíbrio que nós temos hoje manifestado está nesse eixo, e é por isso que a grande questão do século XXI é a questão ecológica-espiritual. Uma não pode ser trabalhada sem a outra.
Uma doença é uma poluição interna, uma poluição do seu ar. Logo, do seu pensamento; Ou uma poluição das suas águas. Logo, de suas emoções. Ou uma poluição do seu fogo, que é a sua vontade interna, seu eu. E finalmente, é uma poluição da sua terra, que é seu corpo físico. 

É nesse sentido que a questão da cultura indígena surge nestes tempos para ser percebida de uma outra maneira, inédita, com toda a força da base espiritual que ela pode fornecer, para que finalmente possamos fundar uma nação. (...) Uma nação se funda a partir de raízes, e as nossas mais profundas raízes passam por essa rica tradição espiritual do povo indígena.” 


Pajé Kaká Werá 

2 comentários:

  1. estou com o meu fogo poluído e não sei como fazer para restaura-lo.
    http://filha-de-artemis.blogspot.com.br/

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  2. A minha água está turbulenta e em conflito...

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